Dias De Apocalipse Cap 3
Feito pela um pouco triste pelos atos dos outros Beatriz Cremonini
Acho que devíamos conversar – disse Renato a mim após entrar em minha sala, sem bater na porta. Olhei para ele. Após uma semana de sua estadia, o homem já havia cortado o cabelo e raspado a barba. Havia ganhado bastante confiança e mostrado ser útil naquela semana de luto, mas ainda era muito cedo para tirar a coleira elétrica em seu tornozelo que o deixava receoso.
Tudo bem. Descemos até o pátio e nos sentamos nas mesas perto da antiga lanchonete da escola. Cruzei os dedos de minhas mãos.
Preciso te contar uma coisa. - disse Renato.
Fale.
Silêncio. Pela abertura com grades do meu lado direito podia-se ver o céu pálido daquele dia e os pássaros voando. Eles comiam pássaros? Renato parecia nervoso, como se estivesse esperando por uma tempestade muito, muito sombria. Ele suspirou e começou.
Bem, você se lembra que o Doug te disse que eu meio que “salvei” a vida dele?
Sim.
Renato observou o pátio. Havia poucas pessoas ali. Malu conversava com Marcus e Clemens sobre sei-lá-o-quê. Andressa, Pedro e Vitória riam de alguma coisa que Daniel contava. Alguns deviam estar em suas salas.
Não foi dos...
Não diga essa palavra. - alertei.
Bem, não foi “deles” de que eu salvei ele. Levantei uma sobrancelha.
Como assim?
Bia... O Doug estava sendo caçado. Caçado por um grupo. Eles não são bem um grupo. Como posso explicar? São caçadores. Eles caçam pessoas e levam elas para algum lugar.
Espera, espera. Como você sabe que eles são caçadores? Eles simplesmente não podem matar por diversão? Renato balançou a cabeça negativamente.
Já vi eles comendo pessoas vivas, tipo, mastigando elas enquanto estão vivas. E sempre comem elas, nunca matam por diversão. Acontece que, em alguns casos, eles matam uma pessoa e levam ela embora.
Embora como? De carro? Renato balançou sua cabeça novamente. Suspirou e disse.
Eles cortam a pessoa em pedaços e levam em sacos