Diario de ppei
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-------------------------------------------------A princípio, esses projetos educacionais consistiam na alfabetização de jovens índios das comunidades envolvidas, respeitadas suas demandas políticas e especificidades culturais e lingüísticas. Em seguida, de forma autônoma e comunitária, as entidades promotoras passam a responsabilizar-se por iniciativas de formação de professores índios, pela formulação, sistematização e regularização de propostas curriculares alternativas às vigentes nas escolas indígenas até aquele momento e pela elaboração de materiais didáticos de autoria indígena adequados às diferentes realidades.
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As organizações indígenas12 passam então a reivindicar, junto ao poder público, a legitimação e legalização dessas atividades educacionais formais desenvolvidas pelos professores indígenas em suas escolas por meio da sua inserção no sistema público de ensino.
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Nesse sentido criam-se parcerias entre órgãos governamentais – de âmbito federal, estadual e municipal - movimentos indígenas e organizações pró-índio e, aospoucos, experiências educacionais bem-sucedidas, desenvolvidas por iniciativa própriaou a pedido das comunidades indígenas, passam a ser referência para as agências governamentais na construção de suas políticas.
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Estas novas referências políticas e conceituais são afi rmadas pelas defi nições presentes na Constituição de 1988, a qual, como já mencionado, serviu como alavanca emum processo de mudanças históricas para os povos indígenas no Brasil. A partir dela arelação entre o Estado brasileiro e os povos indígenas se transforma e a política estatalindigenista, de caráter integracionista e homogeneizador, vigente desde o período colonial, dá lugar a um novo paradigma, no qual esses povos passam a ser considerados como sujeitos de direitos.