Dialética
Na dialética, assim como na retórica, está presente a arte da linguagem e do discurso. Ambas não são ciências teoréticas, elas buscam o provável, o possível e o verossímil. Para o pensamento Ocidental, Platão inaugura, com a dialética, a ideia da razão como atividade intelectual ou ciência, e Aristóteles fixa as regras da argumentação persuasiva, com a retórica. Do ponto de vista platônico, a dialética é uma terapia de alma contra o veneno e a mascara da retórica. Aristóteles, embora as diferenciando costuma compará-las, escrevendo que o próprio da arte retórica é reconhecer o convincente e o que parece ser convincente, assim como a dialética busca reconhecer o silogismo e o silogismo aparente.
A técnica dialética, cujas principais características podem ser assim resumidas: é a arte de conduzir uma discussão captando as contradições e os desvios que impedem o caminho de chegada a uma definição coerente e universal de uma coisa tomada em si mesma; é um método filosófico-científico para desenvolver o conhecimento por meio de perguntas e respostas; é o método para que a alma racional consiga apreender intelectual e conceitualmente uma realidade, captando sua essência, forma ou ideia; é o meio pelo qual a razão ou pensamento entra em contato direto e imediato com seu objeto, alcança o ser inteligível ou forma real do objeto; é uma atividade que se realiza em duas etapas em que a primeira é inferior, opera com as contradições das opiniões e crenças, e a segunda é superior ou verdadeira dialética, opera ultrapassando demonstrações baseadas em hipóteses; difere das matemáticas, pois estas, além de operar hipotética e dedutivamente, operam com relações entre elementos ou entre partes, enquanto a dialética superior alcança a essência mesma da coisa em sua unidade e integridade indecomponíveis (a bondade, a beleza, o amor, em si mesmos); como dialética superior, é uma atividade que somente pode ser exercitada por