dialogismo na bíblia
Rosilene Gomes Ribeiro
(rodapé- mestranda em Letras na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Formada em Teologia e Letras)
Resumo: Analisa, a partir do pensamento bakhtiniano, as relações dialógicas existentes entre a história de Sarai e Hagar, no Gênesis e o código de Hamurabi, estatuto ético babilônico. Destaca a associação que o texto paulino de Gálatas faz com esse enredo tradicional ao utilizá-lo como alegoria para um novo discurso. Analisa a contribuição e influência dos contextos de Gênesis e Gálatas para a significação dos discursos neles presentes à luz do dialogismo bakhtiniano.
Palavras-chave: Dialogismo; discurso; Bakhtin; Sarai e Hagar.
Em qualquer relação que estabeleçamos, seja ela formal ou informal, somos permeados por vozes que disseram antes de nós o que dizemos agora. Não se trata de vozes sobrenaturais, fantasmagóricas e sim de um processo muito comum e constitutivo de todo discurso. Muitas vezes, sem perceber, lá estamos nós sendo os mesmos e vivendo como os nossos pais, como dizia a canção. Repetimos os discursos que ecoaram na sociedade, no inconsciente coletivo. Princípios éticos, morais e políticos que orientam o jeito de ser, de agir e pensar de todos nós foram cristalizados antes mesmo que conseguíssemos falar ou nos expressar. Tudo isso constitui nosso discurso quer concordemos e o reproduzamos, quer discordemos e o subvertamos, a escolha de não o reproduzir inevitavelmente já o considerou. Por isso, o tempo todo, estamos em diálogo. Tudo o que é importante e vale a pena ser transmitido resulta em relações de diálogo cujo eco pode atravessar o tempo e o espaço e ganhar as mais inusitadas intenções e significações. São inúmeros os gêneros possíveis do discurso e podemos citar como integrante da cultura universal e um exemplar bastante rico dessa variedade, a Bíblia. Nessa coleção de livros temos registros de discursos advindos de