Dialetica moderna
INTRODUZINDO A DIALÉTICA?
Depois de pensar um pouco sobre o fato de existir, Sofia não pôde deixar de pensar que um dia desapareceria.Estou vivendo no mundo agora, pensou. Mas um dia terei desaparecido. Será que há vida após a morte? Também sobre esta questão o gato não fazia a menor idéia. Há pouco tempo a avó de Sofia tinha morrido. Por mais de meio ano, Sofia sentia todos os dias a falta que sua avó lhe fazia. Não era injusto que um dia a vida tivesse um fim? Cismada, Sofia parou num instante no passeio de saibro. Tentou concentrar todo o seu pensamento no ato de existir, a fim de esquecer que um dia deixaria de existir. Mas não conseguia. No mesmo instante em que se concentrava no fato de existir, pensava também que um dia morreria. E o mesmo ocorria ao contrário: só quando sentiu intensamente que um dia desapareceria é que pôde entender exatamente o quanto a vida era infinitamente valiosa. E quanto maior e mais clara era uma face da moeda, tanto maior e mais clara se tornava a outra. Vida e morte eram os dois lados de uma mesma coisa. Não se pode experimentar a sensação de existir sem se experimentar a certeza que se tem de morrer, pensou. E é igualmente impossível pensar que se tem de morrer sem pensar ao mesmo tempo em como vida é fantástica. Sofia lembrou-se de que sua avó dissera algo semelhante no dia em que soube de sua doença. Só agora entendo o quanto a vida é rica – foram suas palavras.
(Jostein GAARDER, O Mundo de Sofia, p. 16-7)
1. INTRODUÇÃO: A palavra dialética tem sido usada para designar diversas coisas, não necessariamente díspares. Antes bastantes aparentadas. Assim já foi entendida como a arte do diálogo, a arte do discurso, a arte da argumentação e semelhantes. É usada desde os primórdios da filosofia, na Grécia. Foi usada por Heráclito, Sócrates, Platão e Aristóteles, entre outros. Nos Tempos Modernos, coube a Hegel revivescer o termo e buscar precisar o seu conceito, que posteriormente foi estudado