Diagnóstico laboratorial das hemofilias
INTRODUÇÃO
As hemofilias são doenças hemorrágicas hereditárias, decorrentes de deficiências quantitativas ou defeitos moleculares dos fatores VIII (Hemofilia A ou hemofilia clássica) e IX (Hemofilia B ou doença de Christmas). Embora sejam doenças hereditárias, em 30-40% dos casos de hemofilia A não há história familiar de manifestações hemorrágicas, enquanto na hemofilia B a maioria dos pacientes relata história familiar de diátese hemorrágica. A ausência de história familiar poderia ser devido à presença de uma nova mutação ou de uma alteração genética que foi transmitida através de várias gerações para mulheres (portadoras), sem ocorrer o nascimento um homem afetado, de modo que o nascimento de um hemofílico pode ser interpretado como decorrente de uma nova mutação. As hemofilias são herdadas como condições recessivas ligadas ao cromossomo X, acometendo quase que exclusivamente os homens. Não é possível distinguir as hemofilias A e B baseando-se em critérios clínicos devido à semelhança de seus quadros hemorrágicos. A prevalência da hemofilia A varia de 1/20.000 a 1/10.000 indivíduos; enquanto para a hemofilia B é de 1/30.000 a 1/50.000. Genética. O gene do fator VIII situa-se próximo à extremidade do braço longo do cromossomo X. Constituído por 186kb e codifica uma proteína com 2.332 aminoácidos organizados em seis domínios (A1, A2 e A3 homólogos à ceruloplasmina; C1 e C2 semelhantes à discoidina e B, que aparentemente, tem pouca participação no processo de coagulação, sendo perdido quando o fator VIII é ativado pela trombina). Os domínios A e C são homólogos aos domínios presentes no fator V. A maioria dos defeitos do gene do fator VIII causadores de hemofilia A descritos são de substituições de um único nucleotídeo e, apenas 5% dos casos, há inserções ou deleções. O fator IX é uma proteína cuja síntese é dependente da vitamina K, estando o seu gene com