Devaneio
PRÓLOGO
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“Está tudo escuro, não consigo ver um fim nisso, não consigo respirar, é como se... É como se eu estivesse me afogando nessa escuridão, tento dar socos, chutes, e nada, meu corpo já se entregou a esse estado. E assim continuo descendo, me agarrando a lembranças dais quais não quero esquecer, por mais que isto esteja tentando arranca-las de mim, seja lá onde elas fiquem. A sensação de não conseguir respirar junto com a de não enxergar nada, e mais, não conseguir se mover, é insuportável. Cada vez mais, a esperança de um dia voltar a ver a luz se esvai, tanto quanto a minha vontade de continuar lutando, eu poderia simplesmente me entregar, me agarrar a uma mera lembrança feliz e partir para entre as trevas.”
Seus olhos continuavam incrédulos, enquanto continuava a cair. “Faz tanto tempo, isso não pode ser verdade, já faz em média mais de meia hora que eu estou descendo por entre a escuridão, sem conseguir respirar, isso é impossível, eu estou...”.
Tamanho era o desespero, que ele ouvia sua própria voz, gritando em sua consciência, a cada palavra um aperto no seu coração, aquele coração que a cada batida parecia mais e mais frio, um frio que se espalhava por todo o corpo. Não sabia mais o que sentir, apenas queria que acabasse, da maneira que fosse, que viesse um fim.
“Morto.” – Seu pensamento era um turbilhão, dado momento nem ele mais o ouvia, apenas berros disformes. Apenas algumas palavras se destacavam, pareciam querer devorar as demais, eram gritos de socorro e de clemencia. “POR FAVOR” “PARE” “NÃO CONSIGO” “CHEGA” e o mais profundo e verdadeiro sentimento expressado pelas mais sinceras e claras palavras “ME MATE”.
E continuou descendo por mais treze horas, quatorze talvez, quinze quem sabe, quinze agonizantes horas, os sentimento que tomavam conta do rapaz, eram inexplicáveis. Sentia-se cada vez mais vazio, mais... Morto. E assim as horas continuavam a passar, como se cada segundo parecesse ser a mais insuportável