Deus e o Diabo na terra do sol
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Deus e o Diabo na Terra do Sol, de 1963, é a obra-prima do cineasta baiano Glauber Rocha. Co-criador do Cinema Novo brasileiro, Glauber Rocha procurou criar neste filme uma espécie de parábola da mitologia que envolve o cangaço na literatura de cordel através da estrutura narrativa, da linguagem e da estética. Negando os valores industriais, o Cinema Novo passou a ser adotado por grandes cineastas, como Glauber Rocha, com o filme já mencionado. O cinema novo, veio para desmistificar toda a produção que até antes de 1964, o Brasil tinha, e ainda retratar questões da cultura e sociedade brasileira. O governo de Juscelino Kubistchek deu abertura ao desenvolvimento de expressões culturais, como é o caso da obra Glauber Rocha, que procurou estabelecer um parâmetro de similaridade com a realidade nacional. Sendo assim, é preciso reconhecer que “os filmes deste período começam a retratar a vida real, mostrando a pobreza, a miséria e os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural”.
Um dos pontos centrais do filme é a dubiedade e a mescla do que é divino e satânico, certo e errado dentro do contexto da miséria proveniente da seca que assola o sertão nordestino.
Uma característica que denota claramente a influência do cordel é a maneira emblemática (e quase mitológica) com a qual o cangaço é retratado, utilizando inclusive como personagens pessoas reais: Corisco foi um lendário cangaceiro iniciado por Lampião, e sua esposa Dada foi uma das poucas mulheres a pegarem armas no bando de Lampião, juntamente com Maria Bonita. Antônio das Mortes é claramente inspirado por Antônio Pernambucano, famoso jagunço e assassino de aluguel de Vitória da Conquista.
Desde o princípio, Glauber enfatiza o impacto que a aridez da seca causará nos personagens ao abrir o filme com cenas do chão rachado pela ausência de chuvas seguida pela imagem de um boi em decomposição e por um primeiro plano do rosto de Manuel. Esta sequência relaciona estes elementos e o