Desvalorização do real
Ao contrário do que aconteceu em períodos passados, a desvalorização do real frente ao dólar, causada pela crise financeira internacional, não provocou aumento de preços ao consumidor. O que se percebe, na verdade, é desaceleração dos custos na indústria.
Estudo realizado pelo Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia/Fundação Getulio Vargas) revelou que o efeito da desvalorização cambial sobre os preços foi fortemente compensado pelo comportamento das cotações das commodities, que seguem em sentido oposto ao dólar, amortecendo seu impacto.
A História
A mais brusca desvalorização cambial ocorrida no Brasil foi em 1999, quando houve mudança do regime fixo para o flutuante. Em pouco menos de 60 dias de adotada esta medida, a moeda nacional desvalorizou-se em quase 80%. A recuperação foi lenta, resultando em uma valorização de 45% depois de quatro meses de estouro da queda. Havia desaceleração da atividade econômica.
O acontecimento seguinte foi em 2002, diante de um cenário de incertezas da condução da política econômica. Em abril, com o acirramento do processo eleitoral, o real perdeu 70% de seu valor frente ao dólar, em cerca de 180 dias após o início da queda. A atividade econômica se recuperava.
A crise instalada no ano passado provocou a desvalorização cambial de 45% em cerca de 90 dias úteis. Desta vez, as raízes do processo são externas e atingiram o País em um momento de crescimento da economia.
Preços
Uma interpretação de economistas conclui que o câmbio em desvalorização produz uma onda de pressão de custos para a indústria, que repassa isso aos consumidores. A análise de 1999, em que a transmissão foi mais intensa e rápida, e de 2002, em que a inflação foi mais prolongada, comprovam essa tese.
"Desta vez, um fenômeno diferente vem se apresentando. Os efeitos da desvalorização sobre os índices de preços são muito mais amenos e já dão sinais de devolverem