Desigualdades
A INVENÇÃO DAS DESIGUALDADES FEMINIZAÇÃO DA POBREZA, NEGRITUDE E AÇÕES AFIRMATIVAS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Maria Alice Rezende1 Rafael dos Santos1
RESUMO O presente artigo tem por finalidade realizar algumas reflexões históricas e sociológicas no sentido de realizar algumas considerações sobre as origens do que ora se denomina “feminização da pobreza” e seu cruzamento com a questão racial no Brasil, a partir de um diálogo com fontes bibliográficas, dados quantitativos e levantamento e abordagens ensaísticas. Palavras-chave: gênero; etnia; educação; pobreza & desigualdade.
“GRAU DE CIVILIZAÇÃO – A maior parte dos povos Africanos jazem na mais completa barbaria. Não só as ciências e letras, mas a agricultura e todas as artes úteis à vida, ali estão em desprezo, na infância, ou são mesmo desconhecidas. Só se encontra alguma civilização nas costas do Mediterrâneo e do mar Vermelho, nas colônias e nas ilhas pertencentes a Estados europeus”.
LACERDA, J. M.ª de: Curso metódico de geografia física, política e
astronômica, composto para uso das escolas brasileiras. Rio de
Janeiro/São Paulo/Lisboa/Paris, Fco. Alves & Cia/Aillaud, Alves & Cia – Curso superior, p. 89.
F.T.D.: Primeiras noções de ciências físicas e naturais. 5ª. Rio de Janeiro/São Paulo, Fco Alves & Cia, 1923. (Coleção
F.T.D. – para uso das escolas por uma reunião de professores)
O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE COR O sistema brasileiro de classificação de cor é apontado como um dos principais obstáculos à adoção de políticas de ação afirmativa de ordem racial. Sabe-se que o conceito biológico de raça está cientificamente ultrapassado, porém, há um uso social para o termo raça que é aplicado para se justificar práticas discriminatórias e racistas. Os sistemas de classificação e cor não são gerais, ou seja, explicam-se somente quando levamos em conta uma dada sociedade. A questão da classificação de quem seja negro no Brasil é recorrente. Ela surgiu no período que antecedeu à implantação das