Desigualdade e politica: a questao social brasileira
A “questão social” brasileira
Apresentação
O presente trabalho pretende discutir as políticas sociais propostas pelos organismos internacionais – Cepal, Banco Mundial, BID. Num primeiro momento busca-se expor conceitos e análises que permitem explorar e compreender os fenômenos que serão revistos adiante. Em seguida, serão expostas as principais diretrizes dos documentos defendidos pelas agências internacionais, sobretudo no que se refere à temática da pobreza e das populações de baixa renda. Por fim, essas análises serão trabalhadas a partir da exposição de uma política pública de segurança adotada no Rio de Janeiro que traz em seu cerne princípios que a aproximam das diretrizes internacionais para controle da população pobre.
As origens da desigualdade social na teoria marxista
A história social do capitalismo, e sobretudo os pontos que serão aqui abordados, têm sua origem basicamente nas desigualdades sociais. Ressalta-se que por desigualdade social pretende-se englobar uma dinâmica de desigualdade presente não só nas sociedades capitalistas, e que não se encerra na desigualdade econômica. “A desigualdade dos rendimentos e das fortunas não é um facto unicamente econômico. Implica uma desigualdade ante as possibilidades de sobrevivência, uma desigualdade ante a morte” (Mandel, 1978, p.10).
O status econômico do qual desfruta o indivíduo propicia a ele uma série de condições mais ou menos flexíveis que lhe permitem construir suas opções de vida e, consequentemente, dar continuidade àquela estrutura material através das gerações. E é a desigualdade econômica que determina condições suficientes ou não de existência e, portanto, todas as demais desigualdades que se dão na vida dos indivíduos. A mobilidade social individual é passível de existir no sistema capitalista, não obstante seja pouco presente, uma vez que as instituições tendem a reproduzir esse sistema de classes reproduzindo e perpetuando a desigualdade,