Desigualdade Social
Fala-se em desigualdade social quando, numa determinada sociedade, alguns grupos sociais se encontram em situações que se julgam mais vantajosas do que outras. Portanto, a desigualdade é uma diferença que os indivíduos e grupos sociais julgam segundo escalas de valor.
Rousseau e Marx viram na propriedade a origem da desigualdade, enquanto que, para Durkheim, é a divisão do trabalho que a origina. Na obra Discours sur l'origine de l'inégalité de Rousseau, "os homens no estado natural são livres e iguais e não possuem propriedade; cada um contenta-se com as dádivas da Natureza [...]. A partir do momento em que os homens começam a cooperar e a acumular bens, este estado primitivo vai alterar-se irremediavelmente: desaparece a igualdade, cria-se a propriedade e daí resulta a divisão do trabalho" (1995, Cherkaoui - "Estratificação". In Tratado de Sociologia (org. R. Boudon). Porto: Edições ASA).
À medida que se expande a divisão do trabalho as pessoas tornam-se cada vez mais dependentes umas das outras, pois cada um precisa dos bens e serviços dos outros. No entanto, os agentes económicos usufruem de diferente modo desses bens e serviços, pois estes não estão de igual modo acessíveis a todos: os seus rendimentos são diferentes e as suas situações sociais também.
No mal-estar contemporâneo (que se caracteriza pela crise do Estado-providência, pela crise do trabalho e pela crise do sujeito ou crise de identidade), a desigualdade mais visível é a que procede das alterações económicas. Fala-se, então, da desigualdade de rendimentos, na medida em que uns têm uma parte maior do que outros.
As desigualdades são essencialmente sociais, não se referem apenas à estratificação econômica (relativa à repartição dos rendimentos, consumo, patrimônio...), mas também estão ligadas à existência de desigualdades de carácter mais