Desigualdade social
Este artigo procura sintetizar dois conceitos: o princípio marxista de que a desigualdade e a pobreza são produzidas inevitavelmente pelas sociedades capitalistas, e a idéia geográfico-social de que a desigualdade pode transmitir-se de uma geração a outra, através do meio ambiente de oportunidades e serviços em que se encontra cada indivíduo ao nascer. Portanto, o objetivo deste trabalho é combinar uma explicação teórica convincente sobre as origens da desigualdade, com algumas generalizações empíricas sobre quem é pobre e exatamente como persiste a desigualdade sob as condições de um capitalismo "avançado". As novas idéias que tal síntese proporciona são necessárias, pois as anteriores teorias sobre a desigualdade (cultura da pobreza, ciclo de privação) foram objeto de uma severa crítica acadêmica, embora permaneçam como a base teórica das políticas anti-pobreza projetadas para transformar a família e o indivíduo, e não a estrutura social e econômica, na maior parte dos países ocidentais. É necessária também, dentro dos estreitos limites da disciplina geográfica, uma teoria marxista que fundamente enfoques conceituais alternativos àqueles que seguem vigentes no campo da Geografia.
1.1 – Desigualdades interclassista
1 – Teoria Marxista da desigualdade
O marxismo estabelece que a desigualdade é inerente ao modo de produção capitalista. A desigualdade produz-se inevitavelmente no processo normal das economias capitalistas, e não pode ser eliminada sem alterar de modo fundamental os mecanismos do capitalismo. Ademais, forma parte do sistema, o que significa que os detentores do poder tem interesses criados em manter a desigualdade social. Não vale a pena, pois, dedicar energias políticas para defender as políticas que se ocupam somente dos sintomas da desigualdade, sem atacar as suas forças geradoras básicas. Daí a necessidade de uma revolução social e econômica, a derrocada do capitalismo e sua substituição por um método de produção e um