Desenvolvimento sustentavel
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1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OU SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS da crítica dos modelos aos novos paradigmas Antonio Carlos S.Diegues − Professor da Esalq/USP. Coordenador do Programa de Pesquisa e Conservação de Areas Úmidas no Brasil da USP. Desenvolvimento sustentado é hoje um termo utilizado ad nauseam sobretudo nos discursos governamentais e nos preâmbulos de projetos de investimentos a serem financiados por instituições financeiras bi e multilaterais. Um número crescente de seminários são realizados no Brasil com o objetivo de esclarecer esse conceito e, freqüentemente, de listar "experiências" e projetos que possam ser rotulados de sustentáveis. Além disso, às vésperas da Eco 92, alguns setores, sobretudo os governamentais e empresariais, insistem em demonstrar junto à opinião pública internacional os esforços aqui realizados para se atingir o desenvolvimento sustentável. Esse termo transita pelos mais diversos círculos e grupos sociais, desde as organizações não-governamentais até as de pesquisa, com notável e estranho consenso, como se fosse uma palavra mágica ou um fetiche. Uma análise mais aprofundada revela uma falta de consenso, não somente quanto ao adjetivo "sustentável", como também quanto ao desgastado conceito de "desenvolvimento". A nosso ver é necessário hoje se discutir não somente o adjetivo, mas também o próprio conteúdo do desenvolvimento. Essa discussão é válida, sobretudo num momento histórico em que parece se dissolver a bipolaridade dos tipos de sociedade capitalista e socialista. Por outro lado, há uma consciência crescente de que o modelo de sociedade industrial avançada do Ocidente não poderá se manter a longo prazo com os padrões de produção e consumo baseados no esbanjamento de energia não-renovável, na degradação ambiental, na marginalização social e política de importantes grupos sociais (os migrantes, por exemplo), na espoliação da mão-de-obra e dos recursos naturais dos países do Terceiro Mundo e no crescente fosso entre o Norte e o