DESENVOLVIMENTO MENTAL E CONSCIÊNCIA
A cognição do mundo objectual pode ser devido às relações afetivas com o objeto.
É incontestável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação e, conseqüentemente, perguntas ou problemas nunca seriam despertados; não haveria inteligência. A afetividade é uma condição indispensável para a constituição da inteligência, embora não seja suficiente.
Podemos considerar de duas maneiras diferentes as relações entre afetividade e inteligência. A verdadeira essência da inteligência é a formação progressiva das estruturas operacionais e pré-operacionais durante o desenvolvimento, mas o afeto contribui substancialmente para a formação das estruturas cognitivas.
Muitos autores têm defendido esse ponto de vista. Odier, por exemplo, sustentou que o esquema do objeto permanente, que diz respeito às descobertas que o bebe faz sobre a permanência do objeto quando ele desaparece do seu campo visual, é causado por sentimentos e por relações objetais.
Isso significa que a cognição do mundo objectual pode ser devido às relações afetivas da criança com o objeto (ou pessoa) envolvido. Em outras palavras, as relações afetivas da criança com o objeto-mãe, ou com outros objetos-pessoas, são responsáveis pela formação da estrutura cognitiva.
O psicólogo francês Wallon acha que a emoção é a fonte do conhecimento. Um estudioso de Wallon, Malrieux, chega até a dizer que a estimativa de distância ou a percepção de distância é devida ao desejo de alcançar objetos distantes, e não propriamente à distância real dos objetos. Quanto à isso, podemos citar o exemplo de um copo com metade de água, o qual pode parecer quase cheio ou quase vazio, dependendo da sede do observador.
Uma segunda interpretação é que o afeto explica a aceleração ou retardamento da formação das estruturas; aceleração no caso de interesse e necessidade, retardamento quando a situação afetiva