desenvolvimento economico
Teoria Econômica – um manifesto acadêmico
Por um Pensamento Econômico Heterodoxo
Dominante: Um Manifesto Acadêmico*
Luiz Carlos Bresser-Pereira**
Resumo: O núcleo duro do pensamento econômico neoclássico (equilíbrio geral, macroeconomia das expectativas racionais e modelos de crescimento endógeno) está essencialmente equivocado, porque adota um método hipotético-dedutivo que é apropriado para as ciências metodológicas, enquanto que uma ciência social substantiva exige um método empírico ou histórico-dedutivo. Embora a microeconomia marshalliana também seja hipotético-dedutiva, ela é uma realização importante porque na verdade fundou uma ciência metodológica: a tomada de decisões econômicas, mais tarde completada pela teoria dos jogos. Como o pensamento dedutivo permite o raciocínio matemático, os modelos resultantes são aparentemente científicos e constituem o núcleo do pensamento econômico dominante. Mas muitas vezes são “raciocínios” econômicos, não teorias reais capazes de prever e orientar. Esse fato tornou-se óbvio na crise financeira global de
2008. Agora é a hora de mudar o pensamento dominante, e o presente trabalho é um manifesto acadêmico nesse sentido. Precisamos de uma teoria econômica modesta e pragmática – uma economia keynesiano–estruturalista que leve em conta não apenas a agência, mas também as estruturas e instituições.
Palavras-chave: pensamento dominante; ortodoxia; heterodoxia; teorias; raciocínios; método.
Classificação JEL: B400, B500, C020.
De repente, após a crise financeira global de 2008, percebemos todos que o rei estava nu. O pensamento econômico neoclássico, predominante desde o final dos anos 1970 nas universidades e na formulação de políticas, repetiu o fiasco de
1929: mostrou-se mais uma vez incapaz de explicar e prever o comportamento dos sistemas econômicos ou de orientar a formulação de políticas. Baseada nos pressupostos do homo economicus e das expectativas racionais e adotando um
método