Desenvolvimento economico da america latina
o desenvolvimento econômico da América Latina e seus principais problemas
RAUL PREBISCH
PRIMEIRA PARTE
1.
INTRODUÇÃO (* )
1. A realidade está destruindo na América Latina aquêle velho esquema da divisão internacional do trabalho que, após haver adqui rido grande vigor no século XIX, seguiu prevalecendo, doutrinària mente, até bem pouco tempo.
Nesse esquema correspondia à América Latina, como parte da periferia da economia mundial, o papel específico de produzir ali mentos e matérias primas para os grandes centros industriais.
Não cabia, ali, a industrialização dos países novos. Não obstante, os fatos a estão impondo. Duas guerr� � no curso de uma geração, e uma profunda crise econômica entre ' .... demonstraram aos países da América Latina, suas possibilidade ' nando-Ihcs, positivamente, o caminho da atividade industrial.
Apesar disso, a discussão doutri, . . do .st' longe de haver termi nado. Em matéria econômica, as idE.{ ,..Jgias costumam seguir, com atraso, os acontecimentos ou sobreviver-lhes demasiadamente. E' certo que a argumentação relativa às vantagens econômicas da divisão in ternacional do trabalho é de validade teórica inobjetável. Mas, es quece-se, via de regra, que se baseia em uma premissa terminante mente negada pelos fatos. Segundo esta premissa, o fruto do pro gressQ técnico tende a repartir-se igualmente em tôda a coletividade, seja pela baixa dos preços seja pela alta equivalente das remunera ções. Por meio do intercâmbio internacional, os países de produção primária obtêm sua parte nesse fruto. Não necessitam, portanto, de industrializar-se . Pelo contrário, sua menor eficiência fá-Ios-ia perder irremissivelmente as vantagens clássicas do intercâmbio.
O êrro dessa premissa consiste em atribuir caráter geral ao que de si mesmo é muito circunscrito. Se por coletividade se entende, apenas, o conjunto dos grandes países industriais, é certo que o fruto do progresso técnico se distribui,