Desenvolvimento do brasil – relembrando um velho tema
Maria da Conceição Tavares e
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo
Introdução
É observada nas grandes discussões acerca das transformações ocorridas nas relações internacionais das últimas décadas, uma simplificação em torno do termo globalização. Veremos aqui, uma discussão mais apurada sobre essas transformações estruturais na economia internacional e, em seguida, um diagnóstico da situação brasileira com uma análise de um projeto de desenvolvimento alternativo, reconhecendo primeiramente o esgotamento do velho “modelo de substituição de importações”. 1. Mudanças nas Condições Internacionais
O impulso maior na chamada globalização ocorreu no imediato pós-guerra, com a hegemonia americana pautada nas regras de Bretton Woods permitindo, por exemplo, a industrialização de vários países periféricos, o desenvolvimento de economias nacionais autônomas e a reconstrução de sistemas industriais da Europa e Japão.
Foram três movimentos independentes que provocaram essas mudanças nas condições internacionais no fim do século XX. São eles: a) A liberalização financeira e cambial: contribuíram para a derrocada de Bretton Woods. Entre o fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970, temos mudanças nas formas de concorrência bancária e uma onda de inovações financeiras causadas pelo surgimento de um espaço “desregulamentado” de criação de empréstimos. A captura de devedores do terceiro mundo se intensifica com o choque do petróleo e o regime de taxas flutuantes. Em um período de liberalização de capitais e instabilidade das taxas de câmbio e juros, os países centrais continuam com as políticas anticíclicas que combinadas com a assincronia cíclica das economias centrais levaram a maior instabilidade de câmbio e juros. As dívidas públicas de países europeus e dos Estados Unidos cresceram rapidamente na década de 1980, devido às elevadas taxas de juros. Logo, os Estados Unidos de maiores credores, passaram a maiores