Desenvolvimento como liberdade
Podemos perceber com clareza lendo o texto do Sen, a defesa ferrenha que faz da democracia - não sem antes apresentar os argumentos de seus opositores - em um momento onde muitos se arvoravam pela sua destruição.
Ele busca demonstrar onde há o exercício pleno da liberdade política e dos direitos civis, estes, servem como instrumento para se construir uma situação em que as necessidades econômicas de todos sejam atendidas, principalmente nos países em desenvolvimento. Ou seja, argumenta que o suposto conflito existente entre atender as necessidades econômicas e vivenciar a liberdade política e os direitos civis, é apenas aparente. Na realidade ele não existe.
O autor pensa que a constante pratica política e diálogos públicos efetivos, inclusive, favorecem a identificação das necessidades econômicas. Sustenta que a simples existência de um ambiente democrático, de instituições que assegurem direitos fundamentais, não significa muita coisa se não existir uma prática política evidenciando uma movimentação entre as pessoas. A democracia por tanto é uma “oportunidade”, e como tal deve ser valorizada e cultivada
O autor acredita que o desenvolvimento tem sua base fincada na expansão das liberdades reais das pessoas. Tal expansão pode ser considerada o fim primordial e o meio principal do desenvolvimento. O fim primordial, também denominado pelo autor de “papel constitutivo”, está diretamente ligado às liberdades subjetivas (fome, sono, ler, escrever). Noutro passo, o meio principal, também chamado “papel instrumental”, relaciona-se à forma pela qual as liberdades se relacionam entre si, contribuindo para o desenvolvimento de novas liberdades. Insta destacar que a importância da liberdade como meio não reduz sua importância como fim.
As liberdades instrumentais tendem a contribuir para a liberdade global das pessoas, suplementam-se mutuamente,