Desenvolvimentismo

5.4.3 Apêndice – A obra-prima do estruturalismo brasileiro: Formação Econômica do Brasil
5.4.3.1 Introdução Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado, é a grande obra da literatura econômica brasileira do período. Correspondeu a um trabalho de consolidação da consciência desenvolvimentista brasileira, foi também um momento de avanço na abordagem estruturalista. Um bom exemplo de como a obra preenchia a lacuna básica da proposição estruturalista é dado pela dificuldade em responder adequadamente uma inquietante pergunta: “Por que razoes a estrutura econômica dos países latino-americanos tinha se tornado tão distinta daquela que observava em outros países jovens, como os Estados Unidos?” Furtado deu uma resposta a essa e outras indagações básicas, através de uma abrangente explicação estruturalista da formação econômica do país. Mais ainda, criou uma metodologia estruturalista de analise da historia de países periféricos, desvendando um alcance analítico da abordagem estruturalista que causou admiração aos próprios economistas da escola cepalina. A obra deve ser vista, na verdade, muito mais que como um ensaio de interpretação histórico-analítica de orientação estruturalista e keynesiana do que uma pesquisa histórica em grande profundidade.
Num artigo publicado na Revista Brasileira de Economia, Furtado faz suas primeiras considerações sobre a história econômica brasileira, como a de “deslocamento do centro dinâmico” e “concentração de renda nas fases de prosperidade e socialização das perdas nas fases de depressão”. Nesse texto, Furtado afirmou que tais características da economia brasileira teriam feito surgir “um espírito de elevação dos lucros que passará da agricultura para a indústria”. Explicou que predominava na indústria um espírito protecionista exagerado, que incluía proibição de importação de equipamentos para enfrentar crises, ao invés de um esforço de elevação de produtividade.

5.4.3.2 A análise da formação da estrutura