Desenterrar

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Exposição Modos de Atravessar: X Bienal de Arquitetura de São Paulo Habitamos um mundo individualista, consumista, egoísta em que o privado é valorizado e o coletivo colocado em um estado de estagnação. Assim, incorporamos todos os dias uma contradição, pois desprezamos o espaço que mais utilizamos, o deixamos sem graça, frio e impessoal. Mas por que deveria ser assim, se debaixo do asfalto há a areia? Por que deixaríamos que aquilo que mais nos representa ficasse a merece de qualquer outra pessoa menos nós?
A cidade é um reflexo da sociedade que sobre ela repousa, nós fomos responsáveis por distanciar a cidade da humanidade. A exposição “Modos de Atravessar” não poderia ser mais atual apesar de os artistas Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Hélio Oiticica e Cildo Maireles retratarem o período da ditadura.
Ao chegar entramos em uma espécie de labirinto. No entanto, somos surpreendidos pelo modo como as imagens e textos a respeito dos artistas são expostos: em transparências coladas em vidros. Assim o que tinha de tudo para ser claustrofóbico é responsável por destruir a limitação, alcançando o além.
Caminhamos por entre as obras, todas com uma crítica em comum: a dicotomia que separa os verbos fazer e usar.
Defendem a ideia de que nós como indivíduos de uma sociedade devemos incorporar a cidade a nossa identidade. Invadindo o espaço público com a subjetividade de cada um, mas ao mesmo tempo levando o urbano consigo para casa. Tornando-nos reais cidadãos. Fazer e usar, juntos.
A cidade desta forma se tornaria, segundo Hélio Oiticica, um “mundo playground”, haveria interação, diversão, criação e comunicação, sem amarras ideológicas, teríamos uma voz.
Lina Bo Bardi usou os escombros do bairro do Bixiga para construir um cenário que era toda noite destruído pelos atores do Teatro Oficina em um ritual de demolição que apenas terminava com a descoberta da terra existente por de baixo das placas de piso. Oiticica recolheu entulhos de