Descortinando
É bem verdade que a infância sempre existiu desde os primórdios da humanidade, mas a sua percepção enquanto construção e categoria social, onde eu cuido, protejo, zelo, dotada de uma representação é sentida a partir dos séculos XVII e XVIII. De acordo com a pesquisa de Arie, na arte medieval até o século XII, não se detecta nenhuma expressão infantil. " É provável que não se tivesse lugar para infância nesse mundo" (ARIES, 1981, p. 50) A criança era considerada como um ser anônimo, sem um espaço determinado socialmente. tratada como invisível, sem fala e voz. Ao serem representadas, principalmente através de pinturas, geralmente apareciam em versão de miniatura de adultos, seus trajes não se diferiam daqueles destinados já crescidos. A fase da infância tinha um período de duração bem curto, ao adquirir uma certa independência (entre os cinco, sete anos), eram imediatamente conduzidos ao convívio adultos e aprender trabalhos domésticos e valores humanos.
[...] Os adultos se relacionam com crianças sem discriminações, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os tipos de assuntos eram discutidos na sua frente, inclusive a participação em jogos sexuais. Isto ocorria por que não acreditavam na existência da inocência pueril, ou na diferença de características entre adultos e crianças [...] no mundo das formulas românticas , até o século XIII, não existem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens em tamanho reduzido[...]. (ARIÈS, citado por ROCHA [20--], p.55).
A criança também passa a ser vista como divertimento, "paparicação", quando a criança era muito graciosa, encantadora, muitas vezes eles ficavam com os adultos, entretendo-os, quando elas começavam a chorar, eram entregues imediatamente a dama de leite.
Em fins do século XVII, o homem entende que para preservar as criancas da "sujeira da vida", isto é, a criança é inocente e