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Um novo olhar para uma metáfora clássica
Marcos Paulo da Silva*
SHOEMAKER, Pamela J., VOS, Tim P. Teoria do gatekeeping: seleção e construção da notícia. Porto Alegre: Editora Penso,
2011. 216p.
D
evido ao acentuado crescimento das tecnologias digitais a partir do final do século 20, e especialmente após o importante impacto que os usuários online passam a desempenhar na arena pública (a primeira eleição presidencial de Barack Obama nos Estados Unidos constitui um marco significativo desse processo), são muitas as vozes ao redor do globo a anunciar a morte inevitável da clássica Teoria do Gatekeeping. A alegação apresenta-se sedutora posto que o advento da “informação em rede” coloca em posição de xeque o tradicional pressuposto de que “os eventos que não são cobertos pela mídia ficam ausentes da visão de mundo do público” (desde que, evidentemente, a audiência não tenha uma experiência pessoal com o próprio evento) – ideia que por décadas serve de suporte para diferentes abordagens teóricas na pesquisa comunicacional.
*
Doutor em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). São Bernardo do
Campo-SP Brasil. E-mail: silva_mp@uol.com.br
,
Intercom – RBCC
São Paulo, v.36, n.2, p. 349-352, jul./dez. 2013
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Marcos Paulo da Silva
É justamente nesse contexto, como espécie de resposta crítica a tal “certificado de óbito”, que desponta no horizonte acadêmico o livro “Teoria do Gatekeeping: seleção e construção da notícia”, de Pamela J. Shoemaker (responsável pela Cátedra John Ben Snow da Syracuse University) e Tim P. Vos (professor da University of
Missouri). A obra, recentemente, recebeu uma versão em português publicada pela editora brasileira Penso (tradução de Vivian
Nickel e supervisão de Marcia Benneti). Nela, os autores lançam mão de uma interessante argumentação ao reconhecerem que o seminal modelo teórico criado nos anos 1940 pelo psicólogo