Descartes
Nessa parte do capítulo 5 do Discurso do Método, Descartes descreve o coração e seu movimento, bem como a circulação do sangue no corpo. Faz um minucioso detalhamento do processo de entrada e saída do sangue nas concavidades cardíacas, as funções das mesmas, o papel do sangue nesse processo, as artérias, as veias e a importância do calor. Apesar do pouco conhecimento que se tinha na época, Descartes desenvolve sua tese com propriedade. Podemos perceber que buscou estudos na Medicina para realizar essas observações e faz uma correlação desses mecanismos de circulação sanguínea com o das máquinas (profundamente influenciado pelo mecanicismo). Ele afirma que a disposição dos órgãos, o calor e a natureza do sangue são os fatores que permitem o perfeito funcionamento do corpo humano, tal como a força, a posição e a forma dos contrapesos e rodas de um relógio garantem o seu funcionamento. Assim concluímos que esses fatores funcionam dentro de um equilíbrio e por causa disso o corpo funciona perfeitamente.
Descartes explica que o sangue das veias não se esgota e que flui continuamente para o coração, numa circulação perpétua. E que as artérias não se sobrecarregam devido às pequenas passagens em suas extremidades, que fazem com que o sangue circule sem causar entupimento nas veias. Para comprovar essas duas afirmativas, ele recorre aos escritos de um médico da Inglaterra, que se utilizando do experimento simples de amarrar o braço e abrir a veia de três modos: amarrando sem apertar muito acima de onde será aberta a veia, amarrando entre a mão e a abertura e amarrando com força em cima do local aonde será aberta a veia. Vemos que no primeiro modo, o sangue já existente no braço é impedido de retornar ao coração, mas sangue novo flui pelas artérias devido à localização das mesmas (abaixo das veias) e a sua rigidez. Outro ponto é que se esse sangue sai do braço pela abertura em uma veia, devem existir