Descartes e o demônio da dúvida
Ivan Carlo Andrade de Oliveira
Um dos pensadores mais importantes da humanidade foi o filósofo francês René Descartes. Suas idéias mudaram a forma de pensar do mundo ocidental e inauguraram os pilares da metodologia científica.
Descartes era tudo, menos humilde. Ele queria criar uma nova forma de pensar, que fosse mais adequada aos novos tempos. É importante lembrar que o filósofo viveu em uma época de mudanças. O mundo passava do geocentrismo (a idéia de que tudo, inclusive o Sol, gira ao redor da Terra) ao heliocentrismo (a idéia de que é a Terra que gira ao redor do Sol), as grandes navegações demonstravam que havia todo um mundo a ser descoberto, a imprensa tornava possível que um pensamento se dissipasse com grande velocidade e, finalmente, os reis passavam a ter mais poder do que jamais tiveram em toda a Idade Média. Em 1619, Descartes teve um sonho em que o espírito da verdade descia sobre ele. A partir desse dia, passou a se dedicar à busca da verdade e de uma nova forma de pensar, que tornasse o caminho em direção à verdade mais rápido. Depois de andar por boa parte do mundo conhecido, recolhendo conhecimentos, Descartes se isolou em busca de um método próprio. Ele percebeu que o método característico da Idade Média, a lógica, não o levaria longe: “Verifiquei que, quanto à lógica, os seus silogismos e a maior parte de suas restantes instruções serviam mais para explicar aos outros as coisas que já se sabem”, escreveu ele no seu livro O Discurso do Método. O novo pensamento, criado por Descartes, seria baseado em quatro princípios:
1 – Nunca aceitar como verdadeira nenhuma coisa que não se conhecesse evidentemente como tal. Ou seja, duvidar sempre. Aí o filósofo difere o conhecimento científico do teológico, baseado na fé. Enquanto a religião prega o acreditar sempre, a ciência partiria sempre da dúvida.
2 – Dividir cada uma das dificuldades que devesse examinar em tantas partes quanto fosse