Descartes e Deus
A terceira meditação centra-se na análise da origem das ideias, trazendo um forte teor gnosiológico cartesiano. Aqui, Descartes disserta sobre a questão da existência de Deus e da ideia de Deus; dissertação esta que o autor julgou ser necessária, pois em sua educação escolástica, ele admite a obscuridade dos ensinamentos filosóficos que eram transmitidos naquela época de final do modelo medieval de sociedade. No demais, necessitam-se dos conhecimentos postulados sobre a dúvida hiperbólica, e sobre o embate da Idade Moderna entre empirismo e racionalismo, para que se compreenda melhor as meditações de
René.
Para fins didáticos, antes do início da análise, faz-se necessário definir por Descartes os tipos de pensamentos, onde: “Dentre os meus pensamentos, alguns são como as imagens das coisas, e é a essas apenas que convém propriamente o nome ideia; como quando me represento um homem (...). Outros, além disso, têm algumas outras formas: como quando (...) concebo algo, então, como (eu sendo) o sujeito da ação do meu espírito, mas também acrescento alguma outra coisa por essa ação à ideia que tenho daquela coisa (...).” (p. 93).
O filósofo determina assim, que existem as ideias, as vontades e os juízos, sendo estes dois últimos gerados pelo acréscimo de algo à ideia original. Os juízos são os únicos capazes de serem possivelmente verdadeiros ou falsos, já que a eles se adicionam julgamento e por eles se chega a conclusões. As ideias e as vontades existem por si só - sendo a vontade a junção da ideia com um verbo
(como desejar, temer, afirmar, etc.) – não podendo, portanto, serem julgadas em quesito de realidade objetiva.
Faz-se necessário, ainda para fins didáticos,