Desastres naturais no brasil: sinais de mudanças climáticas?
Pedro Ivo Mioni Camarinha
Monografia de qualificação de Doutorado do Curso de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciência do Sistema Terrestre.
São José dos Campos
2012
Introdução
Dentre os diferentes tipos de eventos extremos da natureza que podem desencadear os desastres naturais, aqueles que estão relacionados ao clima e tempo têm chamado a atenção nas últimas décadas. Tem sido observado um crescente aumento do número de desastres envolvendo estes fenômenos (Alcántara-Ayala, 2002; IPCC, 2007a; IPCC, 2012), preocupando sociedades por todo o mundo. Esta preocupação aumenta ainda mais devido as evidências de que estes desastres estão relacionados, ao menos em parte, às mudanças climáticas antrópicas que já se iniciaram devido ao aquecimento global e que, por sua vez, estão relacionadas com a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e mudanças na cobertura da terra (IPCC, 2007a).
Segundo Rodriguez et al. (2009) e Guha-Sapir (2011), o número de desastres naturais (de todos os tipos) têm crescido exponencialmente desde os meados do século passado, onde passou de 200 ocorrências por ano (dados globais) na década de 1980, para 300 na década de 1990, atingindo uma média anual de 387 no período de 2000 – 2010. O que chama a atenção é o fato de 76% do total destes desastres serem de origem hidrológica, meteorológica ou climatológica, o que corresponde a 45% do total de número de mortes e 79% das perdas econômicas causadas por desastres naturais (WAHLSTROM, 2009). Para o ano de 2008, duas bases de dados diferentes, uma proveniente do Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (CRED) e outra do Munich Re Data Service NATHAN - apresentados por Rodriguez et al. (2009) e Gall et al. (2009), respectivamente