Derramagem
“Foi meu pai que me apresentou às mulheres em Paris (...) Debaixo do chuveiro eu agora me olhava quase com medo, imaginando em meu corpo toda a força e a insaciedade do meu pai. Olhando meu corpo tive a sensação de possuir um desejo potencial equivalente ao dele, por todas as fêmeas do mundo, porém concentrado numa única mulher.” (p.33)
A mulher também andava na volúpia ou em febres ou em enxaquecas reumatóides, não só pela traição, mas pelo desejo mal completado, mal dividido, já que era dado muito mais às outras e menos a ela, a dona dele.
“Contam que ela( a avó) gania de dor nas juntas, na fazenda da raiz da serra, cada vez que meu avô ia procurar as negras...”(p.62)
No passado, inclusive na História do Brasil, foi possível depurar identidades por um padrão comportamental, como o do brasileiro, considerado “cordial” por Ségio Buarque de Hollanda; ou da monarquia portuguesa, em que homens e mulheres eram dados a aventuras amorosas extraconjugais, como nos lembra as sagas de Inês de Castro, ou de D. João, rei de Portugal de do Brasil que teve alguns filhos de Carlota , a esposa, e outros de Carlota com seus amantes, e outros dele com outra senhora a quem amara e com quem se deitara, e muito, não se duvida. (1808, 2008, p. 172 ). Hoje, entretanto, é difícil acreditar em padrão comportamental para depurar