DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Leia o poema abaixo:
É noite. Sinto que é noite Não porque a sombra descesse (bem me importa a face negra) Mas porque dentro de mim. No fundo de mim, o grito Se calou, fez-se desânimo. Sinto que nós somos noite, Que palpitamos no escuro E em noites nos dissolvemos. Sinto que é noite no vento, Noite nas águas, na pedra.
(Andrade, Carlos Drummond de. Reunião.
Rio de Janeiro, 1969. P.88)
Quando o poeta diz “somos noite”, “é noite no vento, noite nas águas, na pedra”, não usa a palavra noite no seu sentido costumeiro: “período de tempo compreendido entre o crepúsculo e o alvorecer”. Explora no poema os significados carregados de valor negativo que o termo “noite” evoca: o desânimo, a tristeza, o imobilismo e a morte. Dizemos que o poeta deixa de lado o significado denotativo do termo “noite” e trabalha com seus significados conotativos. Antes de denotação e de conotação, dois conceitos linguísticos muito úteis para compreender o significado de um texto, vamos discutir alguns aspectos relacionados à significação das palavras, também importantes para a interpretação do texto.
Significante versus significado Para entender esse par de conceitos, devemos levar em conta que o signo linguístico é constituído por duas partes distintas, embora uma não exista separada da outra. Esse signo dividi-se numa parte perceptível, constituída de sons, que podem ser representados por letras, e numa parte inteligível, constituída de um conceito. A parte perceptível do signo denomina-se significante ou plano de expressão; a parte inteligível, o conceito, denomina-se significado ou plano de conteúdo. Quando ouvimos, por exemplo, árvore, percebemos uma combinação de sons (o significante) que associamos imediatamente a um conceito (o significado).
Polissemia Numa língua qualquer, é muito comum ocorrer que um plano de expressão (um significante) seja suporte para mais de um plano de conteúdo (significado), ou