Demonstração e argumentação
Alguns exemplos
Texto 1
Sobre demonstração e argumentação “A prova demonstrativa diz respeito à verdade de uma conclusão ou, pelo menos, à sua relação necessária com as premissas. Em princípio, a lógica formal não se ocupa da adesão de qualquer coisa à verdade das proposições em vista. A prova é impessoal, e a sua validade não depende em nada da opinião: aquele que infere no seio de um dado sistema só pode aceitar o resultado das deduções. Em contrapartida, toda a argumentação é pessoal; dirige-se a indivíduos em relação aos quais ela se esforça por obter a adesão, a qual é susceptível de ter uma intensidade variável. Enquanto um sistema dedutivo se apresenta como isolado de todo o contexto, uma argumentação é necessariamente situada. Para ser eficaz, esta exige um contacto entre sujeitos. É necessário que o orador (aquele que apresenta a argumentação oralmente ou por escrita) queira exercer mediante o seu discurso uma acção sobre o auditório, isto é, sobre o conjunto daqueles que se propõem influenciar. Por outro lado, é necessário que os auditores estejam dispostos a escutar, a sofrer a acção do orador, e isto a propósito de uma questão determinada. Querer persuadir um auditório significa, antes de mais, reconhecer-lhe capacidades e as qualidades de um ser com o qual a comunicação é possível, e em seguida, renunciar a dar-lhes ordens que exprimam uma simples relação de força, mas sim procurar ganhar a sua adesão intelectual. Não se pode persuadir um auditório senão tendo em conta as suas reacções de modo a adaptar o seu discurso a estas reacções. O discurso argumentativo não é um monologo onde não existe qualquer preocupação em relação aos outros. (…) Toda a argumentação visa a adesão do auditório. As razões para admitir ou rejeitar uma tese podem ser diversas. A verdade ou falsidade desta constituem unicamente um motivo de adesão ou rejeição no meio de tantos outros: uma tese pode ser admitida ou