democracia de saviani
Em artigo anterior (Saviani, 1981), partindo da suposição de que o ideário escolanovista logrou converter-se em senso comum para os educadores, isto é, se tornou a forma dominante de se conceber a educação, enunciei teses polêmicas visando a contestar as crenças que acabaram por tomar conta das cabeças dos educadores. Meu objetivo era reverter a tendência dominante. Uma vez que a concepção corrente, na qual o reformismo acabou por prevalecer sobre o tradicionalismo, tende a considerar a pedagogia nova como portadora de todas as virtudes e de nenhum vício atribuindo, inversamente, à pedagogia tradicional todos os vícios e nenhuma virtude, empenhei-me, no artigo citado, em demonstrar exatamente o inverso. E o fiz através de 3 teses que enunciei e explicitei de modo sucinto, as quais constituíram o arcabouço daquilo que denominei, utilizando uma expressão tomada de empréstimo a
Lênin, de “teoria da curvatura da vara” (Althusser, 1977).
Para comodidade dos leitores penso ser útil reproduzir aqui as teses referidas:
1ª tese (filosófico-histórica)
Do caráter revolucionário da pedagogia da essência (pedagogia tradicional) e do caráter reacionário da pedagogia da existência (pedagogia nova).
2ª tese (pedagógico-metodológica)
Do caráter científico do método tradicional e do caráter pseudocientífico dos métodos novos.
3ª tese (especificamente política)
De como, quando menos se falou em democracia no interior da escola mais ela esteve articulada com a construção de uma ordem democrática; e quando mais se falou em democracia no interior da escola menos ela foi democrática.
Como se percebe de imediato, o próprio enunciado dessas proposições evidencia que, mais do que teses, elas funcionam como antíteses por referência às ideias dominantes nos meios educacionais. É este sentido de negação frontal das teses correntes que se traduz metaforicamente na expressão “teoria da curvatura da vara”. Com efeito, assim como para se