Democracia Autogestao E Movimento Estudantil 1
Fernando Bomfin Mariana
“Democracia que me engana, na gana que tenho dela, cigana ela se revela; democracia que anda nua, atua quando me ouso, amua quando repouso. (...)
Democracia que me abraça, com tua graça mentira, disfarça essa covardia;
Democracia não me fere, mira aqui no meio, atira no meu receio. (...)
Democracia que escorrega, na regra não se pendura, na trégua não se segura. (...)
Democracia não se dita, maldita seja se dura, palpita pelo doçura.
O demo, o demo, a demora, é a democracia.”
(trecho da música “A Democracia”, de Tom Zé e Vicente Barreto, gravada no show “No Jardim da Política” em 1984)
Atualmente, o movimento estudantil no Brasil encontra diversos obstáculos para se caracterizar enquanto segmento da sociedade civil organizado de forma democrática. Ao analisarmos as práticas políticas de nós, estudantes, a partir do ressurgimento do movimento estudantil após o fim da ditadura militar, notamos que poucas são as experiências históricas que se preocuparam em estruturar um movimento autônomo, preocupado com a transformação da sociedade capitalista em uma sociedade livre e humanitária. O nefasto ressurgimento da União Nacional dos Estudantes constitui um dos maiores exemplos do atraso em que se encontra o movimento estudantil. Se durante a ditadura militar, a UNE procurava de alguma maneira combater o autoritarismo do governo e articular a resistência democrática, hoje em dia configura-se uma entidade absolutamente afastada dos problemas reais e cotidianos dos estudantes, burocratizada, servindo quase que exclusivamente para palco das disputas hegemônicas entre as juventudes desorientadas dos partidos políticos brasileiros. Pior: uma entidade que proporcionaria um espaço privilegiado pelo pleno exercício da democracia entre homens e mulheres que anseiam de alguma forma construir um futuro mais digno para a humanidade, acaba se tornando uma perfeita escola de gestores, onde linguagens e práticas