Demarcação científica
2. A CONSTRUÇÃO CIENTÍFICA
2.1. OBSERVAÇÕES INICIAIS
● Sendo a ciência também um fenômeno histórico, é propriamente um processo. O conceito de processo traduz a característica de uma realidade sem volúvel, mutável, contraditória, nunca acabada em via-a-ser. (Página 29)
● É preciso igualmente conceder que o conceito de ciência depende da nossa concepção de realidade. (Página 29)
● Fazer a ciência social é em parte aprender a compreender outras visões e admitir a própria como preferencial, não porque não tenha defeitos, mas porque imaginamos menos defeituosa. (Página 30)
2.2. A DEMARCAÇÃO CIENTÍFICA
● Entendemos por demarcação científica o esforço de separar o que é e o que não é científico. (Página 30)
● Talvez seja mais fácil começar por aquilo que imaginamos não ser científico. Não é ciência o que chamamos de senso comum, a forma comum de conhecermos a realidade, sobretudo através de experiência imediata. (Página 30)
● O que marca o senso comum é ele ser um conhecimento acrítico, imediatista, crédulo. Não problematiza a relação sujeito/ objeto. Acredita no que vê. [...] Ao mesmo tempo, assume informações de terceiros sem as criticar. (Página 30)
● Todavia, o senso comum, menos que ser falta de conhecimento, é uma forma própria dele. (Página 31)
● A ideologia, ao contrário do senso comum, pode ser muito sofisticada; por isto, é geralmente produzida por pessoas versadas intelectualmente, que podem investir na elaboração de uma ideologia extrema erudição teórica e informação factual. (Página 32)
● O caráter possivelmente sofisticado da ideologia é buscado geralmente no uso que faz da ciência para seus fins. (Página 32)
● A ciência não pode ser entendida apenas como combate à ideologia, na busca de sua eliminação. [...] O que a ciência pode pretender é a convivência crítica com a ideologia, seu controle relativo, seu enfrentamento sem disfarces. (Página 33)
● Há um