delírios de consumo
Adriana Cordeiro, Izabele Barros, Marcia Campos, Marcela Batista, Mayara Silva
Resumo
Observamos um contexto de mercados de consumo cada vez mais saturados e de uma rotatividade cada vez mais rápida nas modas, gostos e tendências, Os significados culturais se sobrepõem às amplas estruturas demográficas que costumavam guiar a atividade mercadológica. Aqui lançamos um olhar reflexivo sobre os desdobramentos, conquistas e adversidades vivenciados pela personagem ‘Rebecca Bloomwood’ (do filme “Os Delírios de
Consumo de Becky Bloom”), uma compradora compulsiva angustiada pelo descompasse entre seus desejos de consumo e suas possibilidades reais de compra. A perspectiva cinematográfica nos guia, assim, neste ensaio teórico acerca das configurações atuais do consumo e comportamento do consumidor.
Introdução
Durante muitos anos, a cultura do consumo foi convencionalmente descrita em termos do surgimento do consumo de massa (cf. MORIN, 1989) como uma contrapartida da produção em massa, isto é, do binômio taylorismo-fordismo que foi expressão dominante do sistema produtivo e de seu respectivo processo de trabalho, e vigorou na grande indústria ao longo de praticamente todo o século XX (MÉSZÁROS, 1995).
Nas últimas décadas, porém, observamos um contexto de mercados de consumo cada vez mais saturados e de uma rotatividade cada vez mais rápida nas modas, gostos e tendências. Slater (2002) relaciona tais mudanças a uma alteração no modo de consumo dentro de um modo global de regulamentação capitalista que interconecta numerosos fatores econômicos, políticos e culturais, nesse caso a lógica pós-fordista da ‘acumulação flexível’. A flexibilização é associada à passagem de produtos padronizados vendidos em mercados de massa homogêneos, para produtos personalizados vendidos em mercados segmentados. Isso envolve um afastamento dos modelos de estruturas e relações sociais que estavam