Deficiência e desigualdades
Para uma caracterização da deficiência em Portugal.
1.Introdução
A qualidade de vida e as oportunidades das pessoas designadas por cidadãos portadores de deficiência refletem não só as condições gerais de vida e as politicas socioeconómicas que têm caracterizado as diferentes épocas ao longo da história, como também as representações e construções sociais que vigoram acerca deste universo de cidadãos.
A história da noção de deficiência e da vida destes cidadãos, passou por caminhos de profunda ignorância, de crenças e superstições, de teorias pseudocientíficas, nos quais se enraízam algumas das atitudes e atos discriminatórios que perduram nos nossos dias.
Em termos culturais, sociológicos e políticos, esta temática não diverge em muito dos problemas que se têm colocado em relação ao género, à raça ou à discriminação de certas minorias como no 1º Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade 2006/2009 elaborado pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Nesta linha de pensamento, os parágrafos subsequentes pretendem gerar uma perspetiva sobre as desigualdades sociais contemporâneas e sobre as suas implicações no percurso de vida desta tipologia de cidadão, diferente mas igual aos seus pares.
2.A deficiência como problema sociológico
A visão tradicional da deficiência está associada à construção social e profissional de uma imagem, que tende a desvalorizar esta tipologia de cidadãos. São bem conhecidos os efeitos segregadores que esta perspetiva tende a produzir, sobretudo em algumas esferas da vida e dos percursos individuais ao nível educativo e profissional. Desta forma, o propósito deste ensaio é enquadrar no campo das desigualdades sociais contemporâneas o cidadão portador de deficiência e aferir os constrangimentos que se lhe apresentam na sociedade. É nesta linha de pensamento que é gerada a pergunta de partida modeladora da pesquisa.
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