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A narrativa de Angústia traz total estranhamento em seu primeiro contato: é um romance que requer bastante atenção e cautela do leitor, visto que há fluxo de consciência em boa parte da história, além das diversas temáticas existentes na trama, que passeiam desde o existencialismo aos constantes símbolos, e concomitantemente, abrindo espaço para uma narrativa primorosamente cinematográfica.
O romance é narrado em tom confessional e memorialista, e por fins didáticos, alguns críticos atribuem-lhe um lugar na trilogia densa e fortemente existencialista, completada por Caetés (1933) e São Bernardo (1938). O três romances, narrados em primeira pessoa, apresentam personagens num intenso conflito, buscando respostas para seus atos, indagando o porquê dos acontecimentos que os afligem. Tais narrativas são semelhantes a diários íntimos. Em cada um deles, o narrador se desnuda e se desvenda, expondo as dolorosas confissões de culpas dramáticas.
Luís da Silva, protagonista do romance, veio do interior (mundo rural) para a capital. Ele é um anônimo qualquer na cidade. Em seu cotidiano medíocre (segundo o relato do mesmo), escreve para o jornal o que lhe pedem, atendendo a encomendas, de forma quase robótica. Ele se considera um intelectual fracassado num mundo sem lugar na prateleira de heróis: vive mediocremente, engaveta escritos, não progride nem em sua vida profissional, carregando o fardo de ser um reles funcionário público, nem em sua vida afetiva, mantendo um noivado prolongado pela falta de condições para a efetivação do casamento. Marina, a noiva, acaba se envolvendo com outro homem, fato que vai desencadear um pesadelo na vida do protagonista.
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