Decada de XX
Muitos olhares e interpretações sobre a história cultural da Primeira república estão comprometidos com a sentença de que só a partir de 1920 e 1930 a genuína cultura brasileira começaria a ser reconhecida Mais ainda, que só a partir destes marcos teriam surgido intelectuais verdadeiramente comprometidos com a descoberta do Brasil e um governo empenhado em elevar a cultura brasileira através da valorização da música popular e do samba em especial como gênero nacional por excelência. Tudo o que teria acontecido antes dos anos 20 e 30 seria desqualificado pelos parâmetros e enfoques sacralizados a partir daí.
Espremida entre dois períodos históricos pretensamente mais bem sucedidos, a Monarquia e o Estado Novo, a Primeira republica costuma ser avaliada de uma forma negativa, pelo que não foi. Seus dirigentes políticos e intelectuais não teriam conseguido incorporar politicamente e culturalmente os setores populares, nem valorizar as coisas “genuinamente” nacionais, de acordo com os referenciais do Estado Novo. Evidentemente, meu objetivo não é inverter os sinais de avaliação da Primeira república, até porque essa tarefa seria impossível. Mas mostrar que essas visões e julgamentos sobre a jovem república contribuem para colocar no esquecimento determinados atores sociais e para estreitar a análise de