De ti Sairá
722, ano da conquista de Samaria pelos assírios, pode ter sido pronunciado
1,6.7. Em torno de 701, ano da invasão definitiva e das destruições assírias em Judá, foram ditos 1,8-16. Contudo, esta datação de Miquéias entre 724 e 701 é questionada por outros pesquisadores. Há quem localize nosso profeta entre 733 e 725.1
Este nosso profeta vem de uma vila camponesa da Sefelá, aquela região agricultável de Judá a uns 300m de altitude, entre a costa do Mar
Mediterrâneo e a Serra de Judá. Ele mesmo há de ser um camponês. Sua vila de origem é Moresete, situada nas cercanias da cidade filistéia de Gate, chamada por isso de Moresete-Gate.
Miquéias é pois, judaíta como Amós de Técoa, com quem tem muita semelhança. Em diferença a Amós que mesmo sendo sulista, atuou no norte, em Israel (em torno de 760), Miquéias somente foi profeta no sul. Fala em sua terra natal. Contudo, tema de sua fala não só são as coisas do sul.
Refere-se também ao norte (1,16-17). Suas visões tematizam “Samaria e
Jerusalém” (1,1). Jerusalém e sua ruína recebem especial destaque (3,12, veja Jeremias 26,18). Aliás, o todo do panfleto do cap.3 tem na ameaça de
Jerusalém seu auge. As demais desgraças, anunciadas no decorrer deste capítulo (isto é, os v.4.6-7), obtêm seu sentido a partir do v.12. Este mesmo versículo é citado pelos “anciãos da terra” (= representantes dos camponeses de Judá) em defesa de Jeremias no processo de pena de morte, que contra ele era movido em Jerusalém (Jeremias 26,17-19). Este episódio mostra que, por um lado, os camponeses judaítas são os portadores da memória da profecia do morastita e, por outro lado, sua ameaça contra a capital, portanto contra a cidade de Jerusalém que causou profundo impacto.
O motivo que fundamenta esta ameaça radical às capitais, seus templos e à elite mandante é a opressão social de “meu povo” (‘ami).2 Este “meu povo” é, em Miquéias,