De que forma o monismo influenciou a epistemologia freudiana?
01. De que forma o monismo influenciou a epistemologia freudiana?
Freud, ao definir a Psicanálise como uma Naturwissenschaft1, toma para própria um status singular, não a definindo como ciência da natureza ou como ciência do espírito, uma vez que para ele não existe ciência que não seja natural, e o homem por fazer parte dessa, torna tal posicionamento mais fundamental a seu estudo. Portanto, encontramos na Psicanálise um monismo caracterizado e radical, no qual não há diferenciação entre mente e corpo, em que há uma natureza orgânica e uma inorgânica como unidade, rejeitando qualquer diferenciação entre as duas ciências citadas acima, as duas constituindo apenas uma ciência.
Tal posição influencia a interpretação (caracterizante das ciências humanas) dos sonhos, que acaba tornando-se uma explicação (caracterizante das ciências da natureza). Isso se dá a partir do ponto em que se tenta esclarecer o nexo objetivo entre o conteúdo manifesto e o conteúdo latente do sonho, no qual o efeito (conteúdo manifesto, significante e objetivo) e a causa (conteúdo latente, significado), juntos, são um ato explicativo de causa-efeito do qual o ato interpretativo não se liberta e nem se libertará.
Outra influência de seu posicionamento epistemológico é visto na psicopatologia freudiana, em que a mesma conduta explicativa é utilizada para estabelecer um vínculo entre o acontecimento e o processo. Ou seja, há sempre uma conduta objetivista rigorosa na Psicanálise.
Assim, sua Natturwissenschaft trás para a Psicanálise características da investigação físico-química na teoria do funcionamento do aparelho psíquico, constituído de investimento energético (manifestações materiais físico-químicas), reconhecido por seus efeitos no organismo, ou seja, constituinte desse (ex.: pulsão). O