DE PRETO À AFRODESCENDENTE: IMPLICAÇÕES TERMINOLÓGICAS
IMPLICAÇÕES TERMINOLÓGICAS
José Geraldo da Rocha (Unigranrio)1 rochageraldo@hotmail.com Quem de nós já não teve a oportunidade de ouvir afirmações do tipo: “a coisa está preta”; “a situação esta preta”. Nessas circunstâncias não restam dúvidas de que se fala de realidades desfavoráveis.
A coisa não anda bem, nem a situação está boa. Na linguagem cotidiana, o preto aqui é utilizado para aludir, ilustrar o quanto tal realidade está feia. Consequentemente, preto é a mesma coisa que feio.
Em outros momentos, encontramos a mudança terminológica onde não é mais o “preto” que vai dinamizar a linguagem, mas sim o
“negro”. Ao se referir às valas de esgotos à céu aberto, se afirma:
“valas negras”. Na camada de ozônio vai-se falar do “buraco negro”
; em relação ao câmbio não oficial o termo utilizado comumente é
“câmbio negro”; ainda encontramos o “setembro negro”; “as nuvens negras”; “um dia negro” “alista negra”; “a alma negra”; “a fome negra”;” a viúva negra” e tantas outras situações. O que se pode perceber é que tal quais as afirmações em relação a “preto”, essas afirmações tão comuns na língua portuguesa no Brasil remetem, todas elas, a um horizonte de algo ruim.
Esses dois termos, "preto e negro” acabaram sendo naturalizados na sociedade brasileira de tal forma carregados de pejoratividades, que em determinados ambientes se quer é admitido que se questione o emprego dos mesmos.
O presente artigo objetiva colocar em discussão essa terminologia, demonstrando como na sociedade brasileira foi evoluindo suas compreensões, e, sobretudo, a relevância da desconstrução do caráter pejorativo e discriminador presente na utilização cotidiana da mes-
1 Doutor em Ciências Humanas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Prof.
Adjunto Dr. do Programa de Pós Graduação – Mestrado em Letras e Ciências Humanas de
Unigranrio; professor no Programa de Pós Graduação Lato Seno – PENESB/UFF e na Pós
Graduação em