De porta em porata
No início da ação, cuidadosamente vestido com a ajuda da mãe (interpretada com brilho pela sempre estupenda Helen Mirren), Bill vai pedir emprego como vendedor de porta em porta na Watkins Company, uma empresa comercial que vendia praticamente de tudo. O chefe do departamento a princípio se recusa a dar o emprego a ele. Bill insiste, persiste – vemos desde o início que sua mãe passa a ele dois valores básicos, paciência e persistência. Pede ao sujeito que lhe dê o pior setor da cidade, o que for – e acaba conseguindo o emprego.
Nesse começo do filme, pensei em desistir; era dor demais, angústia demais. Eu tinha pego o filme sem ter indicação alguma, apenas pelo elenco: além de Helen Mirren e Kyra Sedgwick, tem William H. Macy, esse ator extraordinário, de Fargo, The Cooler – Quebrando a Banca, Obrigado por Fumar, para citar apenas alguns poucos e bons filmes. Macy faz o papel de Bill com uma competência extrema, e é o autor do roteiro, ao lado do diretor, esse Steve Schachter de quem nunca tinha ouvido falar; a música, ótima, é de Jeff Beals, o autor da bela trilha do seriado Roma, da HBO e BBC juntas. E então não desisti, fui em frente.
Não é um filme leve, nem propriamente agradável de se ver. É de fato muita dor, muita angústia. Muita gente, mas certamente muita gente não gostaria de ver este filme, não gosta deste tipo de coisa – e é compreensível, é facilmente aceitável.
Mas o filme demonstra a cada momento que foi feito com muito esmero, empenho,