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1 Introdução

Este trabalho tem por objectivo demonstrar que em Moçambique, após um período em que se tentou implantar um sistema económico e social socialista (entre 1975 e 1986), as reformas “orientadas/sugeridas” pelas instituições financeiras internacionais (IFI), conduziram à recuperação, em grande medida, do modelo de desenvolvimento agrário e rural do período colonial.

2 Experiencia Socialista (1975-1986)
2.1 Enquadramento

A fase imediatamente antes e depois da independência: o poder e as opções politicas e económicas
Os períodos de transição caracterizaram-se pela aceleração dos processos de transformação de uma sociedade, onde os elementos de conflito intrínsecos, combinados com os factores externos, produzem dinâmicas globais assentes em desequilíbrios de diferentes naturezas que se reforçam mutuamente. As transições podem ser ou não períodos de conflitos diversos com maior ou menor controlo por parte dos poderes, e que são geralmente aproveitados pelos novos poderes para reduzir quanto possível os elementos caracterizadores das sociedades que se pretendem transformar.
A transição para independência teve as seguintes características:
Existiu uma aceleração das transformações que justificavam o conflito e a crise;
Os factores exógenos às sociedades determinaram a aceleração das transformações que possuíam dinâmicas internas assentes num conflito político e numa crise económica;
As mudanças tiveram elementos simultaneamente provocados e descolados pelos centros de decisão política e económica;
Existiu aproveitamento político do novo regime para a introdução de elementos caracterizadores da sociedade que se pretendia e para implantação e reforço do poder em momento de derrota do regime anterior.
É com base nestes quatro pontos que se procura interpretar o período de transição em Moçambique.
Oppenheimer (1994), citando Baltazar Jr (1993), delimita o período de transição entre os anos 1973 e 1977. Este período