DARCI RIBEIRO RESUMO
O Homem Cordial representa, para Sérgio Buarque de Holanda, uma possibilidade para definir a identidade brasileira que resulta da colonização portuguesa. Podemos explicá-lo como um ser que constrói suas relações sociais por meio da afetividade, dos motivos do coração em detrimento dos da razão. Ou seja, o Homem Cordial reprime todo e qualquer tipo de relação movida por interesses ou idéias dessa estirpe; ele só se relaciona com alguém se "gostar ou não" dessa pessoa. Isso inclusive aplica-se a motivos econômicos e políticos.
A figura do Homem Cordial surge nos engenhos de açúcar brasileiros, que eram as unidades produtoras do Brasil Colônia e nos quais concentrava-se a maior parte da renda metropolitana. Esses engenhos eram centros produtivos isolados e independentes, sendo habitados pela família do senhor de engenho (o oligarca rural, também chamado de patriarca, figura autoritária, dominadora e centralizadora desse ambiente) seus agregados (escravos, capatazes etc.) e algumas pessoas mais próximas. Nas palavras de Sérgio Buarque, "o engenho constituía um organismo completo e que, tanto quanto possível, bastava a si mesmo" (BUARQUE, 1995, Pag.80).
Tal isolamento fazia com que laços biológicos e afetivos fortes surgissem entre todos os moradores do engenho, constituindo uma unidade movida mais por sentimentos e deveres do que interesses ou idéias. Então, os habitantes de cada engenho se encontrariam ligados mais por sentimentos e deveres a cumprir, não por idéias ou interesses pessoais. Aqui, conforme já dito, nasce a cordialidade do brasileiro. Ela representa apego apenas às relações que envolvem afeto entre as partes envolvidas, tendo extrema aversão às relações impessoais, sem um envolvimento mais sentimental ou apenas ligadas a objetivos a alcançar-se naquele momento, dissolvendo-se depois. O Homem Cordial requer relações duradouras, regidas pela fidelidade da palavra entre as partes e pelo contato sentimental. Dessa forma, esse homem