Dança, gênero e sexualidade: um olhar cultural
Fonte: Giuliano Souza Andreoli - Revista Conjectura, Caxias do Sul, v. 15, n. 1, p. 107-118, jan./abr. 2010
Resumo: Este artigo apresenta o conceito de gênero em educação, mostrando sua incorporação como uma categoria útil de análise no campo da dança, no qual as discussões sobre gênero aparecem muito raramente, especialmente quando se analisa a produção brasileira. Utilizando estudiosos(as) do campo dos estudos pósestruturalistas de gênero, reflito sobre a necessidade de incorporação de tal conceito às investigações sobre as questões sociais que envolvem a dança. Palavras-chave: Dança. Gênero. Sexualidade.
Introdução: dança, corpo e cultura
A dança é uma manifestação cultural, social e artística que ocupa um lugar fundamental na vida das comunidades humanas. Do ponto de vista antropológico, é um “comportamento humano propositado”, partilhado entre o dançarino e a sociedade a que esse pertence. (HANNA,1999). Do ponto de vista etnocenológico (PRADIER, 1998, p. 24), é um comportamento extracotidiano que inclui uma intenção de espetacularidade e que engloba não apenas o atuante, mas também aquele que o vê, a partir de uma articulação social. Considerando-se a perspectiva pós-estruturalista, a linguagem pode ser compreendida como sistemas de representação1 que, postos em efetividade por meio de construções discursivas, comunicam conjuntos de ideias em posição de constituir sentidos ao mundo. (SILVA, 2003). A dança, como qualquer outra prática social, pode ser vista como constituída na e pela linguagem, isto é, pelos discursos e pelas representações que fundam e dão sentido à vida social. Por utilizar o corpo como parte principal da sua mensagem estética, a dança está muito fortemente implicada nos processos de linguagem que operam na construção cultural do corpo. Como observa Albright (1997), existe todo um senso de vida estabelecido em torno de distinções corporais, relacionadas ao gênero, à classe, à