dança criativa e mastectomia
1. INTRODUÇÃO
“[...] o corpo não pára de conhecer, de se relacionar com os ambientes e, neste sentido, nem quando está submetido a algo ou alguém tornase objeto passivo. Ele continua sendo gerador de signos”.
Christine Greiner1
Este projeto tem como objetivo central apresentar a “dança criativa” 2, como uma ação propositora nos modos de resignificação3 do corpo mastectomizado. Para tanto foi estruturado a partir da ação voluntária com aulas de dança para mulheres mastectomizadas na AAACASE (Associação de Apoio ao Adulto com câncer), localizada na Rua:Vereador João Claro,no bairro Siqueira Campos, AracajuSE.
Assim, as aulas práticas de dança ministradas nessa associação subsidiaram a proposta que se segue, repensar o corpo que dança na situação do câncer não apenas como local de ocorrência da doença, mas também enquanto local de cognição e formação de novos significados. Uma vez que é visível no processo da aula, a resignificação da perda do seio e por conseqüência a diminuição das repercussões negativas causadas pela mastectomia, a exemplo da angústia, rejeição do próprio corpo e timidez exacerbada.
Nestas condições é relevante tratar a dança criativa como uma ação que favorece a percepção/atribuição de novos significados ao corpo mastectomizado. .
Optase assim, considerar a dança como uma ação cognitiva que colabora no processo do corpo conhecerse deslocado da doença. O fazer artístico da dança
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É professora do Departamento de Linguagens do Corpo da PUCSP. Ensina nos cursos de
Comunicação das Artes do Corpo e no Programa de Estudos Pósgraduados em Comunicação e
Semiótica (projecto que desenvolve em colaboração com Helena Katz) onde coordena o Centro de
Estudos Orientais. É autora dos livros ‘O Corpo, pistas para estudos