Desenvolvimento Dalton Trevisan produz contos curtos, escritos em linguagem tão concisa que muitas vezes chega a ser elíptica: ele mesmo declarou que seu caminho vai "do conto para o soneto e dele para o haicai". Seu estilo é direto e ágil e suas narrativas apresentam os dramas de pessoas que se movem entre as expectativas de felicidade e realização que aprenderam a alimentar e a realidade crua e desumana, que as frustra e aniquila. As relações humanas que apresenta comprovam que a realidade é degradada e cruel: as pessoas se maltratam e se ferem em vez de manterem no cotidiano vínculos de carinho e respeito. Assim, marido e mulher estão sempre em conflito, pais e mães oprimem os filhos, amigos se confrontam e disputam o poder... Nem os animais de estimação escapam desse moinho de sentimentos: sua ingênua dedicação recebe impaciência e indiferença como retribuição. Sua escrita sintética e contundente pode ser considerada uma referência constante no trabalho de muitos contistas recentemente surgidos, como os da Geração de 90. Tímido e arredio, o curitibano Dalton Trevisan foge do assédio dos jornalistas e guarda sua vida pessoal a sete chaves. Não fornece seu telefone, tem raros amigos nos círculos literários e por vezes se recusa a receber pessoalmente os prêmios conquistados por seus contos magníficos. Mas é possível imaginá-lo à noite, percorrendo às escondidas as ruas da capital paranaense, escutando atrás das portas as manifestações dos desejos escondidos da população, alimentando se deles, trazendo-os à superfície e incorporando-os a seus escritos. Não por acaso, o escritor que muitos consideram o maior contista brasileiro contemporâneo costuma ser designado pelo título de um de seus livros de histórias curtas: o Vampiro de Curitiba. Nascido em 14 de junho de 1925, Dalton Jérson Trevisan estreou na literatura em 1945, quando ainda cursava Direito. Entre 1946 e 1948, tornou-se conhecido como editor da revista literária Joaquim, que reuniu