Dadaísmo, surrealismo e anti-arte.
Dadaísmo, Surrealismo e anti-arte. (RESUMO)
HAROLDO DE CAMPOS: Chama Marcel Duchamp de “pré-dadaísta”, afirmando seu aspecto percursor e não totalmente redutível aos conceitos estéticos-filosóficos do movimento dadá.
Por meio de seus ready-mades, Duchamp pretendeu iniciar o debate em torno da relação obra/artista, ao enfatizar um repúdio à “criação artística”, ao afirmar não acreditar na função criativa do artista. Para ele, o artista é um homem como qualquer outro e seu trabalho consiste em fazer certas coisas, porém o homem de negócios também faz “certas coisas”.
Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer: “hoje em dia todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados de artistas”. Antigamente, eles eram chamados de artesãos, um termo que Marcel Duchamp parece preferir: “Todos somos artesãos, na vida civil, militar ou artística”.
OBRAS:
“A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo
(O grande vidro)”. Óleo, verniz, folha de chumbo, arame de chumbo e pó sobre dois painéis de vidro (rachados) montados em molduras de alumínio, madeira e aço.
“Viúva Fresca”, Janela em miniatura: madeira pintada de azul e oito retângulos de couro polido,
Duchamp declarou que ele “queria matar a arte (para ele mesmo)”, mas, na realidade, ele permitiu e mesmo estimulou a mitologia ao seu redor ao abandonar a pintura, em 1920.
E foi em 1920 que nasceu “Rrose Sélavy” (trocadilho para “a vida é rosa”) - quando Duchamp quis mudar sua identidade. A primeira ideia que lhe ocorreu foi adotar um nome hebraico, já que ele era católico e seria uma mudança de uma religião para outra. Porém, ele não encontrou nenhum nome judaico que lhe agradasse e, repentinamente, ocorreu-lhe uma ideia: por que não mudar de sexo? Isso era muito mais simples, e o nome “Rrose Sélavy” derivou de tal ideia. Hoje em dia isso pode parecer banal, mas na década de 1920 Rrose era um nome provocador,