Dada
Drogas na Gravidez
INTRODUÇÃO
A ocorrência de malformações é parte integrante da história da humanidade, conforme achados arqueológicos de pinturas e esculturas. Assim, a grande preocupação da gestante, ainda hoje, é a saúde do concepto. Até meados do século XX, conforme teoria de Hammon, o útero era considerado inexpugnável, verdadeira “torre de marfim”, tendo no seu interior o concepto protegido contra qualquer efeito deletério de agentes externos, sendo todas as dismorfoses consideradas de causa genética. Embora estudos experimentais anteriormente realizados tenham demonstrado ser possível produzir malformações em peixes e pintos (Stockard, 1921; Bagg, 1922), foi Gregg (1944) que chamou a atenção para o fator ambiental no determinismo das malformações quando descreveu a síndrome fetal rubeólica. Nesta mesma época, Warkany, referindo-se ao produto conceptual disse que a exemplo da célula nem tudo é genético, pois o citoplasma desempenha o papel de meio ambiente. Desde então, o estudo da etiologia das malformações, além dos fatores genéticos (20%), cromossômicos (15%) e causas multifatoriais (65%) passou a incluir também os fatores ambientais (10%: irradiação e infecções, 2-3%; doença materna, 1-2%; fármacos e outros agentes químicos, 4-5%) considerados importantes na gênese das dismorfoses. A par disso, o conceito de teratogênese também foi alterado, além do aspecto anatômico-estrutural, hoje são con-
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Manual de Orientação
Drogas na Gravidez
sideradas igualmente as alterações funcionais, a restrição do crescimento, do desenvolvimento psicomotor e/ou das anormalidades comportamentais. Ainda que a incidência de teratogênese determinada por medicamentos não seja prevalente, nos parece o fator de mais fácil prevenção, pois depende do conhecimento científico e do uso terapêutico racional, inerentes ao exercício profissional. Quando se estuda o binômio fármacos e gravidez devem ser considerados três compartimentos, cada um