DA VIRTUDE AO PROBLEMA DAS ORIGENS DO SABER NO MÊNON DE PLATÃO

DA VIRTUDE AO PROBLEMA DAS ORIGENS DO SABER NO MÊNON DE PLATÃO

INTRODUÇÃO No presente trabalho pretende-se abordar o desenvolvimento do diálogo Mênon, desde seu início (70a), com a discussão acerca do que é virtude e de como ela é adquirida, até o momento que Sócrates apresenta a teoria da reminiscência como solução ao paradoxo da impossibilidade do conhecimento (81c). Na primeira parte deste, pretende-se mostrar o desenvolvimento do diálogo de Platão, que se passa entre Sócrates e Mênon, e versa sobre a virtude: ela pode ser ensinada? A esse questionamento inicial, Sócrates leva seu interlocutor a se perguntar o que é a virtude, antes de saber se pode ou não ser ensinada. Mas a discussão vai desembocar na problemática da possibilidade do conhecimento: como procurar conhecer aquilo que ainda não se conhece?
Os principais argumentos que levam do questionamento acerca da virtude até a formulação de elementos importantes da teoria de conhecimento platônica serão expostos na segunda parte deste. Platão vai apresentar a teoria da reminiscência, que diz ser a alma imortal e não haver nada que ela não tenha aprendido. Sendo assim, a alma reconhece a virtude e as demais coisas por rememorar o que antes já conhecia.

1 O DIÁLOGO

O diálogo se inicia com o questionamento de Mênon sobre como o homem adquire a virtude:

“MEN. Podes dizer-me, Sócrates: a virtude é coisa que se ensina? Ou não é coisa que se ensina, mas que se adquire pelo exercício? Ou nem coisa que se adquire pelo exercício nem coisa que se aprende, mas algo que advém aos homens por natureza ou por alguma outra maneira?” (70a) A pergunta proposta divide em duas as possibilidades de se adquirir a virtude: ou ela é uma técnica, ou é natural. E, se a virtude for técnica, resta saber se se trata de uma técnica prática, e, portanto, adquirida pelo exercício, ou técnica intelectual, constituindo-se como um saber passível de ser ensinado. Socrátes responde ironicamente à pergunta, dizendo