DA PODRIDÃO À TRANSFORMAÇÃO: Uma análise perspectivista e corpórea ameríndia.
2967 palavras
12 páginas
Lucidalva Oliveira de Andrade1DA PODRIDÃO À TRANSFORMAÇÃO:
Uma análise perspectivista e corpórea ameríndia.
Entende-se por perspectivismo essa troca de pontos de vista, no qual existe a necessidade de se colocar no lugar do outro, para fortalecer sua própria condição humana, em relação à alteridade com o outro. Observemos que, a noção de pessoa é aberta, ela é transformável, relacional com o cosmo. Assim, a condição humana não é fixa, tomemos como exemplo os estudos sobre os Maxakali, no qual Alvares (2013) relata que uma criança Maxakali não nasce humana, é através do contato, da comensalidade, da produção dos corpos, iniciação nos rituais dos yãmiys (espíritos), que se torna humano. Assim, “possuir um yãmiy ‘espírito’ é a condição fundamental para se tornar um ser humano.” (ALVARES, 1992, p.82) Daí, percebe-se que, os povos indígenas estão ligados ao mundo transformacional, enquanto, nós ocidentais, temos a mudança muitas vezes, como a perda de algo, para esses povos a transformação é o motor das suas sociedades. Nota-se uma fluidez e tolerância ao tornar-se outro, apropriar-se do que é do outro.
Viveiros de Castro (2008) em publicação sobre o que chamou de perspectivismo ou multinaturalismo não exita em críticar a antropologia estruturalista e pós-estruturalista levi-Straussiana, à favor de uma antropologia menos categoricista e reducionista. Aborda sobre a mania dos antropólogos em tentar formar uma ideia geral desses povos, a fim de reduzir ao máximo as diferenças entre eles, e desse modo, não observando a multiplicidade que só tem a contribuir para o estudo dessas comunidades tradicionais. Para o antropólogo é preciso partir do pensamento indígena e não o oposto, a intenção é complexificá-la e de “‘irreduzi-la’e indefini-la, infletindo toda linha divisória em uma curva infinitamente complexa”. (VIVEIROS DE CASTRO, 2008, p.83). Para Viveiros de Castro (1996), interromper esse dualismo natureza/cultura utilizado como método por Lévi-Strauss é de